terça-feira, 16 de agosto de 2011

Who is the firestarter?

Uma revolução social acontece quando um grande número de pessoas se une e se insurge contra algo para fazer passar uma mensagem coletiva. A forma de o fazer nem sempre é a correta, mas não quer dizer que não haja um grave problema, ou que não haja algo para dizer. Sim, este post vai ser sobre as manifestações no Reino Unido.

Devido à forma criminosa que os protestantes adotaram, fala-se em motim em vez de revolução social. As desculpas para trocar o nome às coisas acontecem devido a várias razões, como por exemplo, não querer admitir este problema ou não querer perceber que o povo tem poder. A verdade é que os jovens ingleses estão descontentes e não vale a pena disfarçar.

Não sei se por coincidência, o governo britânico fez cortes orçamentais nos serviços sociais. Como consequência, vários serviços dedicados aos jovens deixaram de existir. Em bairros onde os problemas de pobreza e segregação são evidentes, o stress tem que sair por algum lado (senhores do governo português, leiam
este parágrafo duas vezes ou mais).

E não me venham cá com coisas que se eles tivessem fome roubavam supermercados em vez de máquinas fotográficas. O Robin dos bosques, quando tirava aos ricos para dar aos pobres, não lhes roubava batatinhas (também não as havia na altura) porque batatinhas não pagam impostos, nem rendas. Todos sabemos que, no mundo ocidental um ecrã plasma vale bem mais que um punhado de arroz.

Atenção que o descontentamento e a revolta não justificam o crime e devem ser julgadas as pessoas que quebraram a lei. Mas esta foi definitivamente uma revolução de uma geração descontente, tenham ou não tenham telemóveis topo de gama.


10 comentários:

  1. Na minha opinião, são este tipo de manifestações violentas que descredibilizam as ideias e revoltas dos jovens e que fazem com que nos apontem o dedo como uma geração que não tem ideias e que não sabe ter voz activa neste mundo.

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  2. Devem ser julgados e condenados os infratores. Mas, a verdade, é os políticos têm que ter noção da consequência dos seus atos. Efetivamente esta é uma manifestação e não apenas um motim.

    Que fique claro que não apoio nem concordo com manifestações através de atos violentos, seja por que motivo for.

    Mas temos que ter consciência que nem todas as pessoas têm acesso à melhor forma de se exprimir. A violência acaba por ser um recurso.

    Em relação a uma geração de jovens sem ideias, acho que o somos. Caso contrário não seríamos tão permissivos com certas medidas que estão a ser tomadas contra nós.

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  3. Havia de acontecer a mesma coisa em Portugal!!!

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  4. a melhor e mais sintetizada análise que já vi/ouvi acerca dos acontecimentos no Reino Unido... nem mais!

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  5. Acho que a sanção de pôr estes jovens a reconstruirem o que desfizeram é uma boa ideia. Mas vesti-los de amarelo para que todos os reconheçam é crime. Todos temos direito à reinserção social sem ruído. Por essa ordem de ideias vistamos de amarelo Murdoch (lembrado não por mim)e seguidores, que tantas vidas destruiram em vez de bens. Punhamos de amarelo todos os que estão extorquir o dinheiro do país e a pô-lo nos paraísos fiscais e que têm desgraçado tantas famílias.
    Resumindo, sou mais sensível aos crimes de colarinho branco de que a motins de jovens desesperados.Adorava ver os tios e as tias vestidos de amarelo a pagarem, públicamente em fila, numa repartição de finanças mais próxima, os impostos não pagos e a repôr o dinheiro arrebanhado ao país.
    Juro, sagradinho, que aí era feliz!

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  6. "As desculpas para trocar o nome às coisas acontecem devido a várias razões, como por exemplo, não querer admitir este problema ou não querer perceber que o povo tem poder."

    A razão pelo qual chamam motim em vez de revolução social é o sinónimo inerente ás palavras. Isto é, se vires uma linha poligonal fechada em que todos os pontos se encontram à mesma distancia do centro, tu chamas-lhe: "circunferência"... Porquê? Porque o sinónimo de "circunferência" é esse mesmo. O mesmo acontece com portas, janelas e todas as outras palavras e respectivo significados que constam no dicionário. Neste caso o que aconteceu foi um motim e chamam-lhe motim porque é esse o significado.
    Acontece frequentemente as pessoas não conhecerem o significado inerente a uma palavra e dessa forma deixo aqui um link que penso que possa ser útil. Está em português do Brasil mas o significado da palavra consta no dicionário português em Portugal:
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Motim

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  7. Os significados inerentes às palavras também têm que ver com o contexto em que se encontram. Uma aro num dedo é um anel, e segundo o dicionário deveríamos chamar às guerras matanças.

    A interpretação literal pode, por vezes, ser correta. Mas é sempre bom conseguir ver para lá do que as palavras aparentam ser.

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  8. A descriminação não é um bom princípio, principalmente quando é instigada amareladamente pelo Poder.

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  9. Que contexto é que seria capaz de mudar o significado de motim para um que não consta no dicionário? (Exceptuando o recurso estilístico, que não faz claramente parte das intenções de quem usa "motim" para descrever o que se passou).
    Segundo o dicionário deviamos chamar ás guerras matanças? Wow! Essa é de artista!
    E o aro no dedo onde é que entra aqui? Não me diga que dá para dizer que "linha poligonal fechada" pode significar "sólido geométrico".
    Tudo nesta página é engraçado. Mas gosto particularmente daquela parte em que diz que eles roubam ecrans plasma porque vale mais! ahah! Portanto, eles roubam ecrans plasma para venderem aos ricos. Ricos esses que normalmente compram os seus produtos no mercado negro, não é? Lindo.
    Acho que ainda vai conseguir arranjar maneira de dizer que vestir os criminosos de amarelo é uma boa medida.
    Concordo com o Rafael Vieira quando diz que esta é a melhor análise do que se passou que já viu/ouviu ahah!

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  10. O contexto que se deve considerar consiste em avaliar como viviam as pessoas que se manifestaram e as circunstâncias que as levaram a agir. Muito embora alguns tenham chamado motim, eu chamo-lhe revolução porque foi um grupo de pessoas motivada por uma ideia comum de injustiça social que agiu. Volto a frisar que não foi uma forma correta de manifestação, mas a ação em si deve ser considerada como um sinal.

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