segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Senhores que regem o país, metam os olhos nisto

As pessoas pensam sempre que mudar o mundo implica grandes ações, ou grandes inaugurações, ou grandes subsídios, ou grandes seja lá o que for. Para mim, mudar o mundo implica pequenos gestos que façam a diferença. Um exemplo disso é a manifestação convocada para dia 12 de março.  Três pessoas revoltadas com a situação pela qual estavam a passar, decidiram agir e, do seu pequeno mundo, estão a chegar a cerca de 27 mil mundos que ficaram com vontade de ir para a rua mostrar o que sentem. Estas três pessoas conseguiram mobilizar de forma apartidária e puramente cívica uma multidão. Não precisaram de apoios financeiros, nem de grandes discursos porque, quando a mensagem é pertinente, não são precisos grandes adornos para fazer com que as pessoas acreditem e, por isso, adiram de forma espontânea a uma ideia.
Senhores do poder, metam os olhos nisto: Não arranjem grandes desculpa mas sim pequenas soluções que sejam exequíveis. Deixem de olhar para os vossos umbigos laranjas, vermelhos, cor-de-rosa, pretos, azuis ou de tons semelhantes porque ser próativo não tem cor. E já agora, se não fosse pedir muito, acreditem em nós que ainda não demos nenhuma razão para sermos desacreditados, muito ao contrário de Vexas..
Manif. dia 12 de Março 2011


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Não consigo não falar disto, eu adiei mas não consigo

A banda é engraçada, a música é engraçada mas não acho piada nenhuma a que apelidem a minha geração de parva. Tirámos cursos com boas notas, tivemos estágios e trabalhos onde brilhámos, muito embora, agora, grande parte de nós esteja desempregado ou em situações precárias. Mas a culpa não é só nossa, não somos nós que pagamos o nosso ordenado, são uns parvos que nos querem explorar, nem somos nós que queremos ser estagiários, são uns parvos que se aproveitam do excesso de mão-de-obra qualificada e pagam-na barata (ou nem sequer a pagam) só porque sim, nem somos nós que queremos viver em casa dos pais, são uns parvos que inventam a EPUL  jovem para os filhinhos ricos poderem ter casa com benefícios enquanto quem precisa não arranja condições; parvos são os partidos políticos que só veem as cores de uma ideologia e não lutam por um futuro coeso. 


A pressa de ter resultados, de fazer dinheiro, de ter sucesso, de ganhar votos, de celebrar o carnaval destruiu a minha geração mas, agora, há uma data de parvos que nos querem atirar areia aos olhos. 


Claro que também temos alguma culpa nisto por aceitarmos, e nos conformarmos, com várias situações.  Nós não nos opusemos à falta de visão a longo prazo que já vem de há muito tempo. E dou por mim a pensar no que será do país daqui a 10 ou 20 anos, quando quem estiver à frente de Portugal serão uma data de estagiários que, pela primeira vez, vão ter empregos de jeito mas na altura errada, pessoas que, sem experiência, vão ter que gerir um país destruído por uma cambada de parvos que se desresponsabilizaram, apelidando o futuro com o defeito que melhor os caracteriza. 


segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ortografia

Há línguas mortas, há línguas incompreensíveis, há más língua, há língua estufada, há línguas de perguntador, há línguas de veado e esta variedade mostra como são versáteis. Tal como qualquer sociedade que evolui, o idioma está também em constante mutação. Há muitas palavras novas que aparecem e muitas vezes nem damos conta. Não deverá a ortografia acompanhar esta tendência dinâmica do nosso linguajar?
Se este post acabasse no parágrafo anterior, era ver catrefadas de comentários a dizer “o novo acordo é feio e cheira mal” e coisas piores ainda, visto que a língua também é traiçoeira.
Então, para os ferrenhos do não, piores que adeptos ferrenhos de coisas que não me lembro, qual é a palavra portuguesa para ketchup? Quetechupe (com o novo acordo ortográfico, o K, Y e W vão fazer parte do nosso abecedário)?;
Quantos de vocês dizem “adopetar” e que grande diferença fará escrever adotar a nível de compreensão (com o novo acordo ortográfico, as letras que não se pronunciam vão ser suprimidas)? Não se preocupem que continuam a poder dizer contacto, adaptado, bactéria, entre outras coisas.
Claro que, como em todas as mudanças, também há pontos maus. Mas, se a feieza e o mau cheiro provêm apenas do reacionarismo, recorram a uns banhos thermaes ou a uma pharmácia para ver se elles vos apontam a cura.


segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ativo

Todos sabemos que a crise anda por aí, aliás, estamos tão familiarizados com ela que nos habituámos, já há vários anos, a culpá-la de tudo. A ela, ao presidente, ao primeiro ministro, ao patrão, aos ordenados que não sobem, ao tempo que no ano passado isto não era nada assim, àquele último shot de whisky que estragou tudo, e por aí fora.
Mas, se somos portugueses, a culpa da crise no país não será de todos nós? A resposta parece óbvia, mas a verdade é que nunca ninguém admitiu qualquer tipo de responsabilidade. E, para que fique claro, não me estou a referir a pessoas com cargos elevados cuja responsabilização é óbvia (mas seria demasiado fácil ir por aí), nem àquela mancha generalizada que todos culpam quando dizem “os portugueses”, numa auto-exclusão e negligência. Estou a falar de cada um de nós.
Hoje, venho aqui admitir que a culpa da crise é minha. Se é só minha, calculo que não, mas eu contribui com a minha inércia e não quero contribuir mais. Foi com esse objectivo que nasceu o Blog Ativo: um sítio onde as boas ideias são bem vindas, partilhadas e executadas de forma a acabar com as culpas e desculpas.