segunda-feira, 25 de março de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

Heróis do mar com braçadeiras


Ando a repensar o significado de alguns conceitos. Um deles é independência, um subjetivo que se vai esbatendo num oximoro que, aparentemente, passa despercebido. 

Cresci com a ideia de que se lutava com orgulho pela independência para obter direitos; um estatuto a que se chegava, individualmente, quando nos tornássemos autónomos monetariamente, intelectualmente. A nível coletivo, cresci com a ideia de que esse era o ideal de uma nação: ser independente, ser autossustentável a nível de valores e de economia. 

Vivo num Estado laico, um Estado que não sofre nenhuma influência da igreja e que se quer independente. Ou seja, um que não deveria dar tolerância de ponto quando o Papa visita o nosso país. Por ser independente, por ser laico, quando quer suprimir feriados devia acabar com os dias santos e valorizar as datas que marcaram a nossa história. 

Mas quase que sinto que é um comportamento normal quando no nosso governo os deputados que querem ser independentes têm que, primeiro, fazer parte de um partido para depois se tornarem livres de influência do mesmo. 

Também podemos falar dos famosos trabalhadores independentes, escravos desse estatuto imposto para que as empresas e o próprio Estado possam fugir às suas obrigações fiscais e para poderem descartar os direitos dos trabalhadores.


E o que dizer sobre o nosso país independente que vive numa desunião europeia? Este Portugal sujeito a regras económicas restritas que tem que cumprir, independentemente das consequências, para continuar vivo mesmo que fique oco.

Já sou uma pessoa adulta e, para mim, o conceito de independência é sinónimo de desespero e submissão. 








quinta-feira, 14 de março de 2013

"Passos Coelho não revela cortes mas quer flexibilizar programa"

Quando eu não revelo os meus pagamentos de dívida ao Estado mas pretendo flexibilizá-los, pago juros.



terça-feira, 12 de março de 2013

Foi-se...

A crise anda por aí nas ruas. É uma senhora vestida de roupa gasta, um homem a esconder os olhos no chão e, no outro dia, fitou-me com ar de desespero no corpo de uma pessoa qualquer. 

Eu vejo-a por aí, tento evitá-la mas ela implica e esbarra-se comigo. Rouba-me o ordenado, cobra-me impostos insustentáveis e ainda se ri. Depois transforma-se em palavra na boca gulosa de alguém que diz que resolve mas não faz nada, que debita sem prazos soluções a crédito. 

Tenho cada vez mais amigos que fogem do país para ela não vir atrás. Resulta. Cada vez  mais, ela deixa-se ficar aqui, confortavelmente, a fazer de Portugal um lar. 

Ontem aproximou-se de mim para me pedir um cigarro, porque a crise fuma e bebe muito, mas eu não tinha. Não fumo. Pensei dar-lhe comida, num qualquer alívio da minha consciência, mas também não tinha. Mas eu como. Então ela abraçou-me num descarinho que ainda hoje não me largou. 









quarta-feira, 6 de março de 2013

Camuflado

Com uma manifestação tão cheia, sinto o pais tão vazio. Vazio de esperança, de motivação, de alegria e de gente que vai fugindo para procurar estes sentimentos que sentem perdidos, num outro sítio qualquer.

Há dias que também me custa encontrá-los no meu dia. Mas depois vejo projetos como a reMix, os concertos da Conserveira de Lisboa, a força e o trabalho da Zana, a Seven Wheels, a Micas Tricas, enfim, os projetos que nascem e crescem com pessoas que não têm medo da crise, nem da troika, nem de coelhos.

Depois volto a olhar à minha volta e, muito embora o pais esteja a ficar vazio, ainda está cheio de boas ideias.

Da manifestação em si... Falo mais tarde...