quinta-feira, 21 de março de 2013

Heróis do mar com braçadeiras


Ando a repensar o significado de alguns conceitos. Um deles é independência, um subjetivo que se vai esbatendo num oximoro que, aparentemente, passa despercebido. 

Cresci com a ideia de que se lutava com orgulho pela independência para obter direitos; um estatuto a que se chegava, individualmente, quando nos tornássemos autónomos monetariamente, intelectualmente. A nível coletivo, cresci com a ideia de que esse era o ideal de uma nação: ser independente, ser autossustentável a nível de valores e de economia. 

Vivo num Estado laico, um Estado que não sofre nenhuma influência da igreja e que se quer independente. Ou seja, um que não deveria dar tolerância de ponto quando o Papa visita o nosso país. Por ser independente, por ser laico, quando quer suprimir feriados devia acabar com os dias santos e valorizar as datas que marcaram a nossa história. 

Mas quase que sinto que é um comportamento normal quando no nosso governo os deputados que querem ser independentes têm que, primeiro, fazer parte de um partido para depois se tornarem livres de influência do mesmo. 

Também podemos falar dos famosos trabalhadores independentes, escravos desse estatuto imposto para que as empresas e o próprio Estado possam fugir às suas obrigações fiscais e para poderem descartar os direitos dos trabalhadores.


E o que dizer sobre o nosso país independente que vive numa desunião europeia? Este Portugal sujeito a regras económicas restritas que tem que cumprir, independentemente das consequências, para continuar vivo mesmo que fique oco.

Já sou uma pessoa adulta e, para mim, o conceito de independência é sinónimo de desespero e submissão. 








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