segunda-feira, 7 de março de 2011

Festival da Canção

O Festival da Canção mudou. Longe vão os tempos em que se cantavam letras sobre amores de verão, sobre viagens pelo mundo, sobre amores desencontrados, sobre noitadas até às quinhentas, sobre amores felizes, sobre cantar sem desafinar em playback (clap clap), sobre primeiros amores, etc...
Talvez num reflexo da crise, e a uma semana de uma manifestação contra o estado da classe política, os grandes vencedores do festival da canção este ano foram os Homens da luta com o tema “Luta é alegria”.
Se é bom ou se é mau não sei. Tendo em conta que já fomos representados por artistas que exalavam vergonha alheia, é bom; tendo em conta que já tivemos músicas bem produzidas (há muito, muito tempo, eu sei), é mau.
Mas a verdade é que nem este festival, nem o da Eurovisão são o que eram. Já ninguém trauteia músicas da Rosa Lobato Faria, do José Calvário e do Ary dos Santos até à exaustão, e ninguém se lembra quem ganhou o festival há dois ou três anos atrás sem recorrer à wikipedia.
Portanto, agora que cheguei ao final desta pequena reflexão, ao menos os Homens da Luta puseram o festival outra vez na boca do mundo. Pode ser que, para o ano, fiquemos todos acordados até de madrugada, qual noite dos Óscares, para ver quem vence.




6 comentários:

  1. pois é, quem sabe? isto foi obra da malta do 12 de março não? ganda bronca... rs

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  2. Por outro lado, agora já há dois hinos para a manifestação.

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  3. Eu admiro esta dupla! Admiro a coragem/desplante/desconcerto que eles têm. E todo o percurso que fizeram até chegar onde chegaram. É que ao fim ao cabo eles conseguiram chegar a vencedores do festival da canção, antigo programa quase sagrado da família portuguesa. Venceram não só o festival, mas conseguiram (cor)romper até uma das tradições televisivas com o poder da música mascarada e piada sarcástica com uma pitada de ironia em tom de manifesto. E eles, que começaram com um programa na sic radical onde reinava o humor descarado, corrosivo, com "muita lata" e de cariz bastante político, depressa se tornaram na voz e veículo da revolta e frustração de muitos que até aí não tinham tido a coragem e lata para fazer o que eles fazem melhor, questionar publicamente quem deve ser questionado e difundindo na tv a piada sarcástica que é a nossa política. Talvez não fosse este o propósito inicial deles, mas assim aconteceu, porque o povo assim o quis. Eles são uma prova de que podemos, com armas bem mais poderosas e com mais piada sermos ouvidos! Revolta, talvez, mas com um sorriso na cara pelo menos, é bem melhor para o espírito de muitos "velhos do restelo" lamuriantes espalhados por este Portugal! :)

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  4. A má notícia é que, se calhar, podem ser desqualificados porque o festival da Eurovisão não permite que participem canções políticas. Vamos aguardar para ver qual vai ser o veredicto final.

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  5. Afinal não vai haver censura para ninguém :)

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  6. Ia ser complicado se censurassem porque, com tantas revoluções a acontecer na Europa e no mundo, o Festival da Eurovisão ia ficar muito mal visto. Optaram por um caminho seguro.

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