segunda-feira, 6 de junho de 2011

Mudam-se os tempos, expressam-se as vontades de 59,9% da população.

A abstenção sempre foi uma coisa que me fez confusão. Não percebo como é que se pode deixar em mãos alheias a escolha de quem vai governar o nosso país. Percebo que haja exceções onde, realmente, será impossível uma pessoa ir votar, porque azares acontecem. Mas a verdade é que, quando quase metade da população não vai votar não é por exceções, é por estupidez. E não me venham dizer que isto demonstra o descontentamento em relação aos políticos. Se há coisa que o voto em branco representa (muito embora represente quase nada) é isso.

Ontem, em conversas pós voto, este tema apareceu. As soluções pensadas passaram desde multas ou agravamentos fiscais para quem não fosse votar. O voto virtual também foi abordado numa perspetiva "2.0" da coisa. A verdade é que, na minha opinião, a solução passa por criar uma consciência cívica desde cedo nos cidadãos e sensibilizar os jovens para a importância do voto. Nesta situação os pais, as escolas e os políticos têm um poder fulcral. Na verdade, os políticos têm o papel mais relevante, mas só pensam nisso nos períodos eleitorais. Esta importância sazonal tira importância ao ato eleitoral. Será que os candidatos, políticos e partidos não percebem que são os principais afetados?



13 comentários:

  1. O mais importante de tudo é mesmo que a mentalidade do povo português mude! É o mais importante e o mais improvável... e sim os politicos têm de ter um papel mais relevante nessa mudança de mentalidade.

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  2. Para mudar de mentalidades há que começar por algum lado. Se fazemos o que nos compete como cidadãos neste campo e as coisas não funcionam, é preciso tomar medidas mais fortes.

    É importante ir fazendo chegar a mensagem a quem precisa em vez de só se falar nisto nas próximas eleições. Depois não há desculpa e toda a surpresa mostrada pelos políticos e outros é hipócrita.

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  3. Fuu!... Eu não votei, na verdade, dentro do razoável (fora ditadura, corrupção, e semelhantes), é-me completamente indiferente quem governa o país.

    Nem sequer é desencanto, é só constatação que não há grande diferença entre os políticos - parecem-me todos ter um nível de competência semelhante.

    Não vai ser a política a resolver os problemas mais importantes. Nada do que se passa no teatro do poder é capaz de curar a origem do que mais nos aflige. Adoro a seguinte citação:

    Disbelief in magic can force a poor soul into believing in government and business.
    - Tom Robbins

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  4. Mesmo que uma pessoa não se reveja em ninguém, acho importante manifestar-se num voto em branco. Sempre é um descontentamento contemplado do que uma indiferença perigosa. Quanto mais pessoas acharem que é razoável não votar, mais fácil é para os regimes irrazoáveis estabelecerem-se.

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  5. O mais incrível é que tivemos camaradas,familiares,amigos,poetas,musicos...a lutar pelo direito ao voto.Já lá vão 37 anos, e ninguém quer saber disso. Isto sim é analfabetismo misturado com imbecilidade.Votar é um dever.

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  6. Ainda sou do tempo em que não se podia votar, por isso toda esta indiferença me faz confusão

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  7. Segundo a TSF os cadernos eleitorais podem conter cerca de 750 mil nomes de eleitores que mudaram de residência, emigraram ou morreram o que representa mais de 7% do eleitorado.
    Assim sendo a abstenção é ligeiramente menor… mas será isto ineficácia do sistema ou uma negligência intencional para servir os grandes partidos?
    Segundo o método de Hondt, o número de Deputados por cada círculo é proporcional ao número de cidadãos eleitores nele inscritos. Mais “fantasmas”, mais deputados a repartir pelos partidos que têm alguma expressão no eleitorado.
    Fica a dúvida… e o apelo a uma correção deste estado de coisas

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  8. Tinha acabado de fazer o meu último post quando dei com esta proposta de um senhor chamado João Pedro Afonso que me pareceu interessante:

    Proponho é que o número de deputados por círculo eleitoral seja determinado no próprio momento da eleição, usando o método de Hondt sobre o número de votantes efectivos. Uma vez que estes tenham sido determinados, proceder-se-ia à distribuição dos deputados segundo o procedimento normal. Se a abstenção for homogénea, este método dá os mesmos resultados que o método actual, mas se não for, os círculos mais empenhados ganham deputados em relação aos outros. Mais importante, os resultados passariam a ser independentes das limpezas nos cadernos eleitorais, e a abstenção passaria a ser combatida com o brio regional.

    Talvez assim se pudesse contrariar o abstencionismo

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Não interpreto isso como uma maneira de combater a abstenção, mas como uma forma de atenuar o peso que ela tem. Seja como for, parece-me uma medida extremamente democrática. Se os votos em branco tiverem expressão e se essa medida for implementada, as coisas ficarão bem mais interessantes na política portuguesa.

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  11. Acho que o apelo ao voto em branco é perverso. O círculo em que haja uma rejeição maior dos partidos via abstenção ou via voto em branco, é o círculo onde um deputado poderá ser eleito por menos votos, logo, onde menos pessoas conseguirão decidir por mais. É como se o sistema recompensasse os "maus".
    Acredito que a solução está na maior participação cívica.
    Exercer a cidadania como uma prática corrente e não apenas nos períodos eleitorais é a atitude certa de quem se quer envolver numa melhoria da sociedade.
    Vamos ser proativos

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  12. Não concordo que se recompensa, ou recompensaria, os "maus". Essa situação (que já acontece devido à abstenção) leva a uma reflexão sobre a importância do voto. Ou seja, se um candidato pode ser eleito com menos votos, um voto faz a diferença. Se os "maus" ganham a culpa é nossa. Este peso, reforçado pela validação dos votos em branco, talvez ajudasse a motivar as pessoas a votar. Mas claro que será sempre mais combater a abstenção de uma forma ativa, contínua e proativa.

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