quarta-feira, 27 de julho de 2011

E que tal fazer referendos?

Em tempos de crise o governo toma várias decisões complicadas, umas mais do que outras. Todas elas têm consequências menos boas para o povo, mas depois há umas que não percebemos e gostávamos de intervir, como por exemplo: Porque é que o governo tem fazer um orçamento retificativo para apoiar a banca?

O mais escandaloso é que os bancos têm mostrado lucros de ano para ano e contribuíram bastante para que a crise se agravasse através de um incentivo parvo a créditos para um consumo supérfluo (títulos do Diário Económico hoje: O BPI conseguiu um lucro de 79,1 milhões de euros no primeiro semestre; Lucro do banco do BCP na Polónia cresce 57% no semestre).

Por outro lado, não deveria ser o Estado a dar o exemplo e cortar nas suas despesas? Os funcionários públicos, que são os trabalhadores que usufruem de mais regalias no nosso país, deveriam ser os primeiros a terem cortes, porque somos nós que pagamos cada um dos seus privilégios.

Então porque é que esses mesmos funcionários vão ter uma sobretaxa de IRS corrigida para não serem penalizados nos descontos obrigatórios da ADSE, mas as pessoas que passam recibos verdes (que na sua grande maioria são os trabalhadores mais precários do nosso país) têm que pagar uma percentagem de um subsídio que nunca ganharam nem nunca vão ganhar?

Sinto o país à volta, sinto que estão a ser tomadas muitas medidas pouco esclarecedoras a todos os níveis. Começo a sentir uma certa impotência, derrotismo e injustiça.

A frase que mais se repete é que o espírito de sacrifício é sempre pedido aos que menos podem. Esta continuará a ser uma frase que nos vais acompanhar cada vez que picarmos o bilhete nos transportes públicos, cada vez que formos ao supermercado comprar bens essenciais, cada vez que virmos governo atrás de governo a lutar por interesses políticos em vez de interesses nacionais.
A verdade é que tenho medo do meu futuro.




5 comentários:

  1. E por falar em bancos

    http://jugular.blogs.sapo.pt/2777797.html

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  2. Concordo com o futuro mais negro para os jovens. De facto as sociedades ocidentais estão rendidas ao hiperlibralismo. No resto do mundo não há trabalhadores, há escravos. Para se ser trabalhador há que haver uma institucionalização de deveres e direitos, quer das entidades empregadoras, quer dos trabalhadores.
    Quanto aos funcionários públicos há que considerar que as más práticas, ao longo dos anos, criou o senso comum de que são privilegiados, o que já não é verdade hoje em dia.
    Os funcionários públicos por definição desenvolvem a sua actividade em prole da sociedade que, só tem existência legal através do reconhecimento do um Estado. Portanto é uma das funções mais nobres da sociedade.
    O errado é não se reflectir sobre as coisas com o seu enquadramento histórico e, quiçá jurídico no que concerne à avaliação de desempenho.
    Os referendos só têm mérito porque as discussões públicas são postas na ordem do dia, o que denota a falência do sistema de educação. Por outro lado podem ser muito perigosos, porque não todos os votantes acesso á informação são facilmente manipuláveis e votar emocionalmente, o que não é razoável quando a vinculação lhe está adestricta.
    Fusível Activo louvo a agitação, mas não concordo com os conteúdos, pois carecem de uma reflexão mais profunda!

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  3. De facto, é assustador... na net, nos blogues, no espaço de comentários de notícias, as pessoas revoltam-se... mas os cães ladram e a caravana (dos interesses políticos/económicos) passa... Considero-me uma pessoa pacífica, mas começa a vir aquela vontade de formar uma guerrilha armada e sair pra rua e entrar na assembleia e destruir tudo, para começar do zero. Estamos vendidíssimos ao liberalismo económico dominado pelos grandes. Eu também tenho medo do meu futuro joaninha.....

    Tânia Mestre

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  4. A generalização da função pública foi, de facto, um erro. Muito embora o salário médio seja entre 50% a 75% superior do salário privado, é importante considerar que têm mais licenciados do que o setor privado e que há cargos fundamentais para o país funcionar que devem ser devidamente remunerados.

    De qualquer forma, numa altura de crise, é importante rever estes valores e não defendê-los exaustivamente.

    Quando quem pede sacrifícios é quem ganha mais e quem não quer abdicar do que lhe pertence, dói.

    Isto é ainda mais doloroso quando o que lhes pertence somos nós que pagamos.
    Foi nesse sentido que publiquei este post. Acho hipócrita e insensível haver um apelo público para pagarmos mais impostos, para compreender a situação económica, enquanto, por seu lado, a função pública não está a apertar o cinto.

    Quanto a mim isso é ser privilegiado.

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  5. Tânia,

    Também acho que estamos a precisar de agir. O povo português peca por ser demasiado pacífico. Claro que pode ter as suas vantagens, mas também leva a um comodismo.

    O Fusível Ativo já anda a pôr os fusíveis a trabalhar para ver como pudemos contribuir para nos ouvirem.

    Todas as ideias são bem-vindas (desde que não envolvam violência).

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